Em terra de sabiá, minhoca dorme de toca.

Orgulho em ser braSileiro

Orgulho em ser braSileiro

sábado, 4 de setembro de 2010

Vejam só, abre-se a primeira, de muitas...




Durante a 1ª Bienal Internacional de Graffiti, o Cine Clube MuBE vai apresentar o Ciclo Graffiti Fine Art. Com entrada gratuita, os seguintes filmes irão rodar no Auditório Pedro Piva:


04/09/2010 - 19h


Graffiti - Jogo de Ideias
Idealização: Itaú Cultural


Inside Outside
Direção:Andréas Johnsen e Nis Boye Moller Rasmussen


11/09/2010 - 19h


Street Art Jerry Batista 2009/2010
Direção e Produção: Jerry Batista


Tinta Fresca
Direção: Paula Alzugaray e Ricardo Van Steen


A Rua e a Chamine
Direção: Matheus Mombelli


Verdim
Direção: casadalapa


17/09/2010 - 18h


Sujo
Direção: DJ Brown


18/09/2010 - 19h


Um domingo no Vale das Virtudes
Direção: casadalapa


No traço do invesível (Zezão)
Direção: Laura Faerman e Marília Scharlach


Documentário Toniolo @ 2005
Direção: André Moraes e Ricardo Barcellos


25/09/2010 - 19h


R.U.A. - REFLEXO ON URBAN ART
Conceito e Idealização: Anouk Piket


Imargem
Direção: Mauro Sergio Neri da Silva e Alexandre Orion


Next
Direção: Pablo Aravena


01/10/2010 - 17h


Wild Style
Direção: Charlie Ahearn


02/10/2010 - 19h


Dirty Handz
Warriors
Direção: Walter Hill

É só chegar...

segunda-feira, 28 de junho de 2010

David e Golias.


*David com a cabeça de Golias, de Caravaggio

Os últimos episódios envolvendo a principal empresa de comunicação do país, as transmissões dos jogos da Copa e a disputa com o técnico da seleção brasileira, Dunga, mostram como a internet permite uma experiência revolucionária, não só para manifestação das divergências com espontaneadade, mas também para a organização das forças de resistência. É claro que quem está no poder vai chamar isso de intolerância, autoritarismo e, até, de terrorismo. É a doutrina do terror consagrada entre os "neocons". Afinal, espalhar o medo é um recurso de mobilização. Os jornalões fazem isso hoje, em coro. Tentam provar que o que existe é um cerceamento do direito de informar quando, na verdade, o que está acontecendo é uma denúncia sobre práticas de manipulação e distorção, por causa de interesses comerciais contrariados. Essa disputa política não se dá apenas nos meios de comunicação. Veja os Estados Unidos, por exemplo. É exatamente assim que agem ao impor sanções ao Irã. Com o Estado de Israel não é diferente, para justificar o massacre ao povo palestino. É assim também na China, quando sufoca o Tibete, e na Rússia, quando tenta calar o grito de liberdade na Chechênia... São muitos exemplos. Portanto, o que está em jogo nesta disputa é poder, poder de informar, direito ao contraditório e à critica. O fim do privilégio, do pensamento único, do cartel, do monopólio, do absolutismo que leva à tirania. Devemos comemorar, porque estamos assistindo de camarote à uma revolução pacífica, cuja armas são virtuais. E não tenham dúvidas, no final David sairá vitorioso.

Creditos: Marco Aurélio Mello.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

O "DERRAME".

... bíblico:
"catástrofe que afetará E.U., O "DERRAME" vai devastar a América?

Ah, sim, mas essa é a idéia. (vai vendo!)

Segundo o boletim David Icke Goes no domingo:

O petróleo e o gás tóxico são adicionadas pelo letal "dispersante" a ser utilizado por BP (teoricamente, só para consumo público dispersar) "o petróleo".
Eles estão usando COREXIT 9500, que é tão tóxico que foi proibido na Europa, embora a Europa possa obtê-lo de qualquer forma através da Corrente do Golfo.

COREXIT é fabricado por um corporação chamada Nalco, uma vez que parte da Exxon Mobil, e os dirigentes atuais inclui executivos da Exxon e BP. A União Europeia Times de COREXIT:

"Um relatório dire preparado para o presidente Medvedev pelo Ministério russo dos Recursos Naturais, alerta hoje que a British Petroleum (BP) de óleo e vazamento de gás no Golfo do México está prestes a se tornar a pior catástrofe ambiental em toda a história humana que ameaça a todo o leste metade do continente norte-americano com a "destruição total" ...

... Os cientistas russos estão baseando sua avaliação em destruição apocalíptica devido ao uso da BP de milhões de galões de agente químico dispersão conhecido como COREXIT 9500 que está a ser bombeado diretamente para o vazamento do poço mais de uma milha do Golfo do México, este relatório diz que, é para manter escondido do público americano completo (e do resto do planeta) esta ação, é trágico, a extensão desta fuga que agora é estimado em mais de 2,9 milhões de litros por dia. "

400.000 galões desse destruidor ambiental tem sido pulverizado para o mar e outros 805 mil galões já foram encomendados.

Você pode pensar na primeira audiência que é uma grande loucura usar o COREXIT quando há cerca de outros 12 tipos de dispersantes menos tóxicos e mais eficazes, aprovados pelo Environmental E.U. Protection Agency (EPA). Dois desses na lista da EPA foram encontrados para ser 100 por cento eficazez contra o petróleo do Golfo do México, enquanto os dois produtos COREXIT são 56 por cento e 63 por cento eficazes ".

Bem, sim, é loucura, essas pessoas são loucas, mas não há método em sua loucura, como vamos explicar.

Pois bem, e agora?
.




terça-feira, 8 de junho de 2010

E se fosse aqui?

É notório o anúncio de vazamento de óleo que está acontecendo no Golfo Do México, região da Costa Sul dos EUA. A mancha de óleo já atingiu alguns estados americanos, e os danos causados a vida marinha daquela região pode ser irreversível. A empresa britânica BP (British Petroleum) anunciou que tentará conter o vazamento a qualquer custo, fato que pode se estender até o mês de agosto deste ano, o que aniquilaria qualquer chance de reestruturação da vida marinha local. Aves, peixes e corais estão sendo “engolidos” pela mancha de óleo que “teima” em não ser contida. O presidente americano, Barack Obama, disse que irá “caçar” os culpados e que não poupará esforços para levá-los a júri, cabendo ainda uma multa sem precedentes. Pelo menos 75 milhões de litros de óleo já vazaram no Golfo do México, atingindo mais de 110 quilômetros do litoral do estado americano da Louisiana, são mais de 2 milhões de litros de petróleos diários lançados em águas marinhas americanas. Se continuar dessa forma, esse desastre desbancará outro ocorrido em 1989, no Alasca, onde o navio Exxon Valdez, despejou naquela região 42 milhões de litros de petróleo. O atual vazamento está há mais de 1,5 Km de profundidade, dificultando assim a manutenção e o reparo nas tubulações petrolíferas.

Enfim… É muito óleo pra pouca atitude! Agora, por enquanto, não é hora de apontar culpados, e sim de estancar o vazamento de óleo. Seria este o preço que pagamos pelo nosso desenvolvimento? E quem disse que somos nós quem pagamos, não seria a natureza? O homem, em busca do seu enriquecimento (duvide da nossa capacidade de evoluirmos), pega agora um alto preço pelo manuseio de ferramentas que não resistem à ação da mesma mãe natureza. Claro que uma tubulação a mais de 1 km de profundidade sofrerá a ação corrosiva do mar. E para que uma catástrofe como essa não aconteça, é necessária uma manutenção preventiva, itinerante e quase que infindável. Será que a BP faz este tipo de prevenção? Certamente, porém fica claro que a mesma não foi tão eficiente.

E a nossa Petrobras, será que faz a mesma manutenção preventiva em suas bacias de petróleo? Veja o “nosso” pré-sal, fundamentado na salvação da lavoura nacional, orgulho brasileiro que eleva a um patamar mais alto, qualquer político seja este carismático ou não. É inegável que o presidente Lula busca uma auto-afirmação mundial, jamais ele carrega o nome do nosso país à frente de negociações com Irã, Turquia, EUA e etc… O que Lula busca é sua afirmação na ONU como um político humanitário (?), um estadista sem precedentes. É isso que Lula quer, é disso que Lula gosta! E tomara que seja isto que ele receba… Mas em uma coisa todos concordamos, Lula está certo em questionar: “E se fosse aqui no Brasil?” O que será que o mundo acharia do nosso “pobre” país, se tal vazamento petrolífero estivesse acontecendo em uma tubulação qualquer da nossa bacia no Atlântico?

Ah, certamente estaríamos sendo rechaçados pela opinião pública mundial! Sofreríamos todo tipo de retaliação e talvez até mesmo embargos. Onde já se viu um país emergente querer desbancar potências petrolíferas com uma exploração de petróleo pífia, sem segurança alguma? Pois é, seria um desastre político sem igual: “Acho engraçado como a imprensa trata uma coisa dessas. Imagina se fosse a Petrobras. Imagina se fosse aqui na Baía de Guanabara, o escândalo que o mundo desenvolvido teria feito contra nós. Imagina quantas matérias contra o Brasil, que [diriam que] não sabe tomar conta do seu nariz”, disse Lula, na abertura do 10º Michelin Challenge Bibendum, no Riocentro, no Rio de Janeiro, no último dia 31.

A opinião pública americana está desaprovando a forma que Obama vem “atacando” essa situação que já beira o caos ambiental. Será que o mundo não “alivia” o bom moço americano? Pois certamente Lula não seria aliviado. E quem pode ajudá-lo? Ninguém! O orgulho, ou a águia-real (símbolo maior dos americanos), naufraga tendo suas penas embebidas no mais puro petróleo marítimo, impedindo-a assim de voar e atingir grandes alturas. Assim está Obama, recoberto de culpa e perdido no meio do seu petróleo. E é assim também que caminha (ou afunda) o mundo; a passos longos misturando o autoritarismo de algumas nações com o ego de seus mandatários.
Créditos: André Apone.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O analfabeto político.


O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, o preço do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

Exerça seu direito, faça sua parte, não seja mais um "analfabeto" político.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Causa e Efeito: O bonde não para!


O movimento hip hop, ou melhor o rap, não para e vem cada vez mais se fortalecendo e se desestigmatizando, aconteceu nesta segunda-feira, dia 10, o retorno de um evento tradicional que é o Clube do Rap, um importante grupo que já existia no passado e retomou a cena em grande estilo novamente, organizado por James Lino e Cinthia Old School, que contou com a presença de vários profetas do movimento como: Criolo Doido, Emicida, MV Bill e muitos outros.
A noite começou quente com as discotecagens de KL JAY e Roger, e pegou fogo quando Emicida rimou a subida ao palco de MV Bill e Camila CDD.



MV Bill fez um show entusiamado, tocando composições de albuns passados e de seu novo album: Causa e Efeito; Uma critica bem construida ao sistema e aos direitos dos cidadãos em geral.
Acabado o show, MV Bill concedeu uma entrevista exclusiva que você acompanha aqui no JameloBrasiliano:


Jamelo: Alex Pereira Barbosa, certo?
MV Bill: Certo, ja vi que estudou minha historia...

Jamelo: Claro, pela importância de seus trabalhos, todos deveriam.
MV Bill: Obrigado.

Jamelo: Bom, seu trabalho é baseado na concientização, certo?
MV Bill: Pode ser encarado dessa forma certamente.

Jamelo: Gostaria de saber quais são os seus novos projetos?
MV Bill: Novos projetos? ...eu ainda não entrei em muitos novos projetos para não embolar, porque tem muitos projetos rolando atualmente que são projetos de continuidade, igual as coisas que a gente faz na CUFA (Central Unica das Favelas) são projetos que não tem término, então são projetos que não tem término, vão sim, sendo agregadas coisas novas para cada necessidade. estou lancando agora um disco que é o CAUSA E EFEITO, estou finalizando a gravação de um DVD e estou escrevendo um novo livro com o Celso Athaide.

Jamelo: Vocês trabalham no mesmo sentido da COOPERIFA?
MV Bill: A gente tem as mesmas intenções em relação ao povo periférico e devemos ter muitos pontos de convergência.

Jamelo: Você esteve nos EUA e teve a oportunidade de trabalhar com o Chuck D do Public Enemy, como foi isso pra você?
MV Bill: O Chuck D é um dos caras mais importantes dentro da música, não só do Rap, mas da musica pop mundial e ele tem uma afinidade com o Brasil muito grande, reconhece o Brasil como a maior nação de afrodescendentes fora da África e a participação dele nesse encontro rendeu
a participação dele no meu novo disco e no disco ele falou umas paradas muito maneiras, falando sobre a Bahia, sobre São Paulo, sobre a Cidade de Deus, utilizando todas as referencias que ele conhece do Brasil dentro da letra, então mostra que ele tem uma conexão que vai além.

Jamelo: Pra terminar um bate bola com três perguntas: Um filme?
MV Bill: Tem varios, mas eu indicaria um que é a história de Zumbi dos Palmares, chamado Quilombo, filme de co-produção brasileira e francesa de 1984, um drama dirigido por Cacá Diegues com Toni Tornado, Zezé Mota e grande elenco.
O roteiro foi baseado nos livros Ganga Zumba, de João Felicio dos Santos e Palmares, de Décio de Freitas, onde num engenho de Pernambuco, por volta de 1650, um grupo de escravos se rebela e ruma ao Quilombo dos Palmares, onde existe uma nação de ex-escravos fugidos que resiste ao cerco colonial, entre eles Ganga Zumba, um príncipe africano. Tempos, seu herdeiro e afilhado, Zumbi, contesta as ideias conciliatórias de Ganga Zumba e enfrenta o maior exército jamais visto na história colonial brasileira.

Jamelo: Livro?
MV Bill: Um livro recente que acabei de ler chamado SANGUE AZUL, de Leonardo Gudel, uma historia de morte e corrupção na polícia carioca, que trata da guerra civil não declarada que já existe no Rio de Janeiro e que, até agora, abate principalmente pobres, favelados ou não.

Jamelo: Deixe uma mensagem para finalizar, para aqueles que te seguem e admiram sua caminhada?
MV Bill: A mensagem que eu deixo é que cada um seja administrador da sua propria mente, porque só assim vamos conseguir fazer um Brasil diferente.

Jamelo: Vamos juntos! Brasil acima de tudo.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

EXISTIR, RESISTIR, RE-EXISTIR E REOCUPAR.


Mais filhotes nascendo e vale a pena conferir, conhecer e ocupar a Matilha Cultural, é um espaço sem fins lucrativos que veio para resistir, re-existir e reocupar a Cidade de São Paulo.

O 1º de maio será dia de Vaga Viva na Matilha Cultural e, para comemorar a data, uma série de palestras discutirá as relações do homem com a natureza e arborização do centro paulistano.

Vaga Viva é uma ação que consiste na ocupação de áreas de estacionamento de carros com bancos, plantas, oficinas, música e vida, e acontece todo primeiro sábado de cada mês. O objetivo da criação dessas praças de convivência improvisadas é a retomada do espaço público pelo cidadão.

Desta vez, a ação celebra ainda uma importante vitória dos moradores e trabalhadores da região central que, a partir de uma iniciativa da Matilha Cultural, em parceria com a Prefeitura da cidade, conseguiu que fossem plantados 400 ipês roxos e amarelos no entorno do centro cultural galeria, garantindo um passeio mais colorido aos freqüentadores do bairro. A Matilha está convidando parceiros e vizinhos para conversar sobre a manutenção das árvores que já foram plantadas e os próximos passos da campanha.

A data também marca o encerramento da exposição QUINTAO, do fotógrafo e artista plástico Ricardo Venerito, o Rico. A partir do registro de um jardim deixado sem interferência humana por seis meses, a mostra propõe reflexões sobre o Taoísmo, filosofia chinesa, e pesquisas sobre plantas espontâneas e saúde integral. Estão agendadas duas palestras e a mostra do documentário QUINTAO no Cine Matilha durante a Vaga Viva deste 1º de maio.

PROGRAMAÇÃO:

14h – Conversa aberta com vizinhos e parceiros sobre a Arborização do Centro

15h – Palestra “Aos olhos do Tao”, palestra com Wagner Canalonga

Uma breve introdução ao Taoísmo a partir da interação com as fotos do QUINTAO.

17h – Palestra “Lições da Natureza”, palestra com Roberto Otsu

Ensinamentos da grande mestra “Natureza”, a partir de contos e reflexões.

19h – Cinema Sessão do documentário QUINTAO no cinema da Matilha

19h30 –Música Fyadub (http://www.fyadub.com/), sons de R-evolução.


Criado com o intuito de divulgar o desenvolvimento do conhecimento africano sobre os movimentos de luta e resistência, o projeto musical aborda o Reggae, o Dub, o Dancehall e suas ramificações, como o Hip Hop.

Confira também o video da primeira MIX TAPE MATILHA: http://vimeo.com/10094236



ESPAÇO MATILHA CULTURAL
R. Rego Freitas 542 - São Paulo - Brasil
fone: +55 11 3256.2636 / +55 11 3256.2636
Horários de funcionamento: terça-feira a sábado, das 12h as 20h.
Wi-fi grátis.
Cartões: VISA (débito/crédito)
Entrada livre e gratuita, inclusive para cães.
www.matilhacultural.com.br
contato@matilhacultural.com.br
twitter/matilhacultural

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Política cultural vira munição dos candidatos em 2010.


Toda eleição eles fazem tudo sempre igual. Prometem empregos e segurança, atiram pedras no telhado do candidato rival e eximem-se de falar sobre planos para a cultura. Mas, desta vez, a estrofe pode mudar.

É que a política cultural acolhe, neste momento, uma das questões que promete ser a chave na disputa presidencial: até onde deve ir a mão do Estado?

"O Estado tem de valorizar a base, e não definir que peça ou disco deve receber patrocínio. Temos de estimular os artistas e não criar camisas de força", responde o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).

A secretária de Cultura do PT, Morgana Eneile, cantarola "Era uma casa muito engraçada" para dizer que, quando Gilberto Gil tomou posse, em 2002, o Ministério da Cultura "não tinha teto, não tinha nada". "Nos anos do PSDB, o Estado abandonou a cultura."

Leite e Eneide, enfáticos, surgiram como porta vozes por indicação dos partidos. Os caciques parecem estar recolhidos, Mas a fala de ambos deixa antever que, no esboço da campanha, a cultura é tratada como munição.

"A discussão entre Estado e mercado ganhou peso por causa dos debates sobre a Lei Rouanet. è inevitável que apareça na campanha", aponta Sergio Xavier, pré-candidato do PV ao governo de Pernambuco e ex-secretário da pasta de Gilberto Gil.

Apesar de não terem definido os coordenadores dos programas culturais, os partidos parecem ter claro que, em 2010, não será possível limitar-se à lenga-lenga do "vamos fazer centros culturais na periferia".
Com leis importantes no Congresso, a cultura avançou sobre política e economia e, com isso, foi cercada por diversos lobbies. "O Gil passou a tratar a cultura como questão de Estado e eixo de desenvolvimento", diz o petista Márcio Meirelles, seretário de Cultura da Bahia. "Instituciona-lizou-se o papel do Estado."
CULTURA PATERNALISTA
A política atual começou a ser forjada no fim da ditadura. Após enterrar a EMBRAFILME (aquela que o Zé do caixão citou em post publicado aqui) e enfraquecer a Funarte, grandes estruturas estatais, o país descobriu o elixir das leis de incentivo, preconizadas pela Lei Sarney, de 1986. "Decidiu-se que não podíamos mais ter Estado. Saímos do modelo estatal e fomos para uma situação radicalmente oposta", diz André Sturm, quadro da secretaria de Cultura paulista. "Como qualquer extremo se esgota, o Estado começa a voltar."
O Estado sempre foi o principal financiador da cultura no Brasil, mas com as leis de incentivo, transferiu para a iniciativa privada a decisão de onde colocar os recursos do imposto que as empresas deixam de pagar. "O que temos é investimento público com critérios privados", diz Sharon Hess, diretora da Articultura, empresa que formata projetos culturais.
A reação a esse modelo partiu dos grupos de teatro. "Não tinhamos acesso aos recursos das empresas", diz Ney Piacentini, da Cooperativa Paulista de Teatro. "Queriamos retomar a relação com o Estado, reagir a mercantilização da cultura."
Do outro lado do palco, uma ala que acabou simbolizada pelo Cirque du Soleil, defende que são, sim, as empresas que devem definir o patrocínio. O terror desse grupo são os concursos e editais públicos.
"Tem de ser desmistificadas as questões sobre o dirigismo estatal", fiz Hess. "A discussão sobre riscos de intervenção acontecem no mundo todo. Mas há inúmeras maneiras de reduzir os riscos de dirigismo e não deixar a procução a mercê de ideologias políticas."
O povo unido jamais será vencido.
Abre o olho Brasil! Reinvindique aquilo que é teu.
Créditos: Ana Paula Souza e Choque Cultural.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Antes tarde do que nunca! Zé Celso é anistiado por unanimidade.



Mais de três décadas depois, o Teatrólogo Zé Celso recebeu autoridades do governo brasileiro ao som do Hino Nacional executado em ritmo de bossa nova, samba e pancadão em seu Teatro Oficina, numa solenidade de celebração a democracia.





As autoridades estavam lá, ao lado de atores e atrizes nus, que apresentaram espetáculo O BANQUETE em homenagem a Eros, após a solenidade. Ao invés de ocorrer nos salões de Brasília, o julgamento de pedido de anistia do "papa" do teatro brasileiro, foi no Oficina, especificamente sobre a mesa que foi cenário da peça que veio depois. Em cessão emocionada, o ESTADO brasileiro pediu PERDÃO pelas violações que cometeu contra Zé Celso na ditadura.





No dia 22 de maio de 1974 o encenador, ator, antropófago, teatrólogo e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa foi abordado por homens armados que o encapuzaram, colocaram-no dentro de um carro e o levaram. Era mais uma prisão realizada durante o regime militar que tivera ínício com um golpe 10 anos antes. Zé Celso foi levado para o Departamento de Ordem Pública e Social, na região da Luz, onde passaria quase um mês. No Dops foi torturado. Passou pelo pau de arara e levou choques e golpes que lhe arrancaram alguns dentes. Depois foi jogado em uma solitária.


Apelo as autoridades:

"Por muitos anos tentei recalcar para poder sobreviver e viver de novo os danos causados pela ditadura no meu corpo, na minha alma, no meu trabalho profissional e no de minha criação o que vale também para o corpo físico do Teatro Oficina. Posso afirmar que a ditadura operou sobre mim e o Oficina o que o Glauber Rocha chamava de assassinato cultural. Eu e o teatro fomos assassinados socialmente. Muitos achavam mesmo que eu tinha morrido, me apontavam como vítima que a ditadura tinha eliminado, consideravam que eu e o teatro não teríamos mais uma segunda vida. Foram 15 anos de uma luta enorme para provar a mim mesmo que eu estava vivo de novo. Reaberto o teatro, foram mais de 10 anos de muito sucesso para provar que nós tinhamos ressuscitado."

Vestido num terno, ele foi anfitrião da 35.º Caravana da Anistia. Criada em 2001, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça tem como função analisar os requerimentos de pessoas que foram vítimas de perseguição porlítica entre 1946 e 1988 (lei 10.559/2002).



Denuncia contra a tortura:

Anfitrião, Zé Celso começou sua fala entoando o hino oswaldiano "tupi or not tupi, that is the question". Entre danças e cantos, ele deu uma aula sobre identidade brasileira.
Elogiou o governo Lula, disse ainda que ele é o primeiro Presidente Antropófago brasileiro e incentivou esforços para romper a burocracia estatal, herdada da ditadura. Vestido de terno e gravata - destoando de seus colegas de palco -, o teatrólogo confessou: "No governo anterior, não pisei lá, porque tinha um sociólogo idiota por lá".

Zé Celso contou que, após ser torturado, foi levado pelos seus algozes até uma porta. "Tiraram meu capuz e, quando a porta abriu, eu entrei na legalidade. Vi que vivemos numa sociedade na qual o que é podre está escondido. Por isso entendo que o que é tabu tem que ser discutido, trazido a tona", disse. "Depois da prisão, eu sacralizei o corpo, por isso adoro a nudez."

Ele usou seu discurso para falar também sobre a tortura praticada pela polícia e destacou a importância do Plano Nacional de Direitos Humanos. Em entrevista coletiva defendeu: "É importante o Estado fazer essa reparação, mas temos que ter os olhos muito voltados para hoje também, porque há problemas gravíssimos ainda, pessoas estão sendo torturadas em uma delegacia neste exato momento."

"Esse evento foi muito significativo, estão aqui pessoas poderosas que lutam para que os torturadores sejam punidos. E temos que lembrar que preso político e bandido é gente também. Não pode haver tortura para nenhum, é algo imperdoável".

"O dia 7 de abril de 2010 é um dia histórico!". Foi assim que José Celso Matinez Corrêa, 73 anos, definiu este dia, quando recebeu o pedido de PERDÃO, por parte do ESTADO BRASILEIRO, por ter sido vítima de perseguição durante a ditadura militar (1964-1985).




Na sede do Teatro Oficina, no Bairro do Bexiga, região central de São Paulo, ele recebeu por unanimidade do conselho da Comissão de Anistia Política do Ministério da Justiça uma indenização de R$ 596.083,33 retroativa à 5 de Julho de 2001, além de pensão vitalícia de R$ 5.000,00, como reparação por males feitos ao artista e à sua companhia pelo Estado.

Acompanhei a solenidade de julgamento do pedido de indenização feito por Zé Celso em 2001, Foi a primeira vez que uma sessão oficial do Ministério da Justiça foi realizada em um teatro.

Ao ver um vídeo que relembrou os horrores da ditadura, o diretor, que chegou a ser torturado durante o regime, chorou.




O presidente da Comissão da Anistia, Paulo Abraão Pires Jr. contou que ela existe desde 2001. A partir de 2007, as sessões de julgamento dos processos concedidos ocorrem em espaços públicos como forma de reavivar no povo brasileiro a memória dos anos de chumbo.

A reparação econômica a essas pessoas é apenas um aspecto de reparação moral. Já recebemos 60 mil pedidos de indenização, dos quais 50 mil foram apreciados e 30 mil foram reconhecidos como sendo vítimas de perseguição por parte do Estado.

Durante seu discurso, Zé Celso disse que deve "à maconha 40 anos de vida muito inspirados". Segundo ele, que é neto de uma índia, os rituais indígenas são a razão de sua vitalidade.

- Todo dia faço duas coisas de índio: queimo um baseado e tomo guaraná em pó.

Zé Celso citou ainda a briga com Silvio Santos pelo terreno no entorno do Teatro Oficina como sendo "a briga entre Davi e Golias" e defendeu a nudez dos atores de seu grupo como sendo resultado de uma busca estética antropofágica, na qual "todos precisam comer e serem comidos".
O diretor criticou ainda o fato de o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) por não ter tombado ainda o entorno de seu teatro. Ele elogiou a gestão do governo Lula e do ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, mas alfinetou os oito anos de Fernando Henrique Cardoso na Presidência. O artista ainda aproveitou para protestar contra o ditador cubano Fidel Castro:

- Se eu fosse amigo do Fidel, como é o Gabriel Garcia Márquez, o Frei Beto e o Lula, eu diria para ele ter um grande gesto antes de sua morte e liberar logo essa ilha, senão ele vai morrer como Batista (ditador deposto pela Revolução Cubana em 1959). CUBA LIBRE JÁ!


A caravana:

Desde abril de 2008, foi criada a Caravana da Anistia que aprecia processos em atos públicos, numa ação de resgate de memória.

A caravana já percorreu 17 Estados e apreciou publicamente mais de 800 processos. O educador Paulo Freire e o líder dos seringueiros Chico Mendes está entre os já homenageados. Em ato inédito desde sua criação, a caravana contou com a presença do representante do Ministro da Cultura e fez a apreciação do processo do diretor Zé Celso, que recebeu unanimidade dos conselheiros. Dezenas de artistas foram convidados, entre eles o ilustre cérebro provocador Antônio Abujamra.

"A tortura tatua o corpo. Quem passou pela tortura vai combatê-la sempre", disse Zé Celso, falando sobre Direitos Humanos, tortura, liberdade, arte e política.

Assim sendo, o povo brasileiro, vê anos depois a Justiça, mesmo que em pequenos passos, reparando as atrocidades cometidas no passado e afirmando que não podemos permanecer calados, a luta continua.

Viva Zé Celso, que lutou e não permaneceu calado, esse é o resultado!
Viva o Brasil e seu povo Brasileiro!
Viva a DEMOCRACIA!



Créditos: Joana Rosowykwiat, Lenise Pinheiro e Clayton de Souza.



segunda-feira, 5 de abril de 2010

Visão Global: Não há Justiça sem o poder de cada um.

Pouco explorada atualmente, temática da falta de representação e capacidade de ação das pessoas nos rumos da sociedade é o grande empecilho que a Justiça precisa eliminar.










As teorias vigentes sobre a Justiça na filosofia política dominante de hoje são muito dependentes de uma maneira de pensar iniciada por Thomas Hobbes no século 17, concentrada excessivamente num hipotético "contrato social" que pessoas de um Estado soberano tenham endossado. Esse contrato supostamente identifica as "instituições justas" necessárias. A abordagem "contratualista" é a influência dominante na filosofia política comtemporânea e seu foco limitado estreitou indevidamente a análise da Justiça - e distanciou a teoria do real.
Ao contrário da tradição contratualista, outros teóricos iluministas (Adam Smith, o marquês de Condorcert, Mary Wollstonecraft, Karl Marx e John Stuart Mill, por exemplo) adotaram uma diversidade de abordagens que compartilhava um interesse comum, centrado na vida real.
O que ocorre ás pessoas depende não só de instituições, mas também de outras influências - em particular, o comportamento e as interações sociais dessas pessoas. Essa abordagem alternativa tem muito a oferecer à filosofia política contemporânea e também as nossas práticas e políticas reais.
Se nossa atenção deve ser nas vidas das pessoas, a questão que imediatamente surge é como compreender a riqueza e a pobreza. A perspectiva que tentei seguir se concentrou, sobretudo, nas várias formas de liberdade de que as pessoas desfrutem. Isso difere enormemente de outras abordagens para avaliar as demandas de Justiça: por exemplo, olhar o cumprimento de certos direitos formais que as pessoas deveriam ter e esses direitos são ou não realmente exercídos.
Muitos desses direitos podem ter uma regra instrumental para promover vidas sociais mais livres. No entanto, a busca de Justiça certamente não deveria parar por ai.
As liberdades individuais podem ser vistas como um compromisso social. E isso requer que o Estado desempenhe um papel realmente ativo na promoção da liberdade, para as pessoas fazerem o que valorizam.

Liberdade e potencialidades. Se é importante não se restringir à leitura da liberdade dentro do libertarismo, a necessidade de ir além do pensamento utilitário para satisfazer prazeres ou desejos não é menos forte. Mesmo que pessoas cronicamente carentes-os irremediavelmente pobres ou os que estão há muito tempo desempregados - aprendam a aceitar e a se acomodar alegremente a seus estilos de vida carentes, essa alegria cultivada não eliminará a privação real de liberdade que continuam a padecer.
Um sistema de eliminação da pobreza que se concentre apenas no baixo nível da renda, em particular se a renda de uma pessoa-ou de uma família-está abaixo da linha de pobreza, considerará a limitação de ganho, mas não a limitação de conversão. Isso poderá comprometer basicamente o programa de alívio da pobreza.
O que dizer do poder, conceito que se relaciona estreitamente à ideia de liberdade? Dizer que uma pessoa é desprovida de poder para reverter o tipo de negligência que vem sofrendo também pode ser expresso numa linguagem de potencialidade: ela não é capaz de reverter a negligência que sofre.
Mas há algum vigor evocativo e força retórica na linguagem do poder, particularmente ao tratar da falta de poder, à qual a palavra "potencialidade", que é realmente um termo da arte, não consegue, se equiparar. Analisar "poder" e "falta de poder" deve ajudar a se alcançar uma melhor compreensão do mundo dividido em que vivemos.
A ira e amarga ironia de Mary Wollstonecraft, cobre a submissão de mulheres, complementou seu raciocínio frio contra a hierarquia de gênero em seu clássico: A Vindication of the Rights of Woman ("Em defesa dos direitos da Mulher", em tradução livre), de 1792.
Outomen-se as observações de Steve Biko sobre "falta de poder" na África do Sul refém no apartheid aos anos de 1970. "A falta de poder produz", disse Biko, "uma raça de mendigos que sorri para o inimigo e o xinga no santuário de seu banheiro. Que grita "Baas" (senhor) voluntariamente durante o dia e chama o homen branco de cachorro em seus ônibus quando vai pra casa."
Se a falta de potencialidade de qualquer tipo é motivo de preocupação, as relacionadas à incapacidade da pessoa de agir livremente ou falar abertamente por causa do poder alheio têm uma urgência especial. Essa é uma preocupação importante na promoção de liberdade e potencialidade, pois as sociedades envolvem conflitos além de camaradagem e apoio mútuo. A busca de Justiça na promoção de liberdades e potencialidades nas vidas das pessoas precisa estar viva em ambas.

Créditos de Tradução: Celso M. Paciornik, Amarthya Sen.

segunda-feira, 29 de março de 2010

José Mojica o "Zé do Caixão".




Como parte das comemorações dos 456 anos da capital paulista, o CINESESC dá prosseguimento aos encontros comandados pelo jornalista Christian Petermann, que recebe cineastas que já dirigiram filmes tendo São Paulo como protagonista.

Suzana Amaral, Hector Babenco, Tata Amaral, Ugo Giorgetti, Carlos Reichenbach entre tantos outros falaram sobre suas obras, agora é a vez dele: Zé do caixão, ou será José Mojica?
Zé do caixão é um elemento popular no Brasil. O criador do personagem, José Mojica Marins, 74, nascido na Vila Mariana em São Paulo é certamente o melhor cinesta de terror no Brasil. "Porque até agora sou o único", disse o diretor, roteirista, apresentador de TV, entre tantas outras coisas.







JAMELO: São Paulo é uma cidade para fazer filmes de terror?

MOJICA: "Se voltarmos para a época de Dante, quando ele escreveu "A Divina Comédia" e ele soubesse da existência desta cidade, sem dúvida ele deixaria um roteiro fantástico. Aqui há Ades, o baixo inferno; o inferno propeiamente dito; Purgatório, que é um lugar gostoso; Neutro, que é passar entre o purgatório para chegar ao céu; e, enfim, o Paraíso. Sou de um tempo em que meia-noite era sem violência, fazia uma caravana de meninas para levar ao cemitério. Sou medroso, tenho filhos e 11 netos. Rezo para que todos voltem vivos quando saem para as ruas.
O Kassab cortou o cigarro, mas por quê não cortou a droga?
Vejo no Norte e Nordeste do Brasil os pais vendendo os filhos por R$ 200,00 para os gringos, que prometem levá-los para a França, Inglaterra, mas na verdade é para tirar os órgãos! E eu vou fazer um filme sobre isso!".

MULHER - "Sou machista, mas valorizo a Mulher. Ela é essencial. A Mulher passa por coisas terríveis. Por quê das sofrimento a ela? Morrerei pondo a mulher na frente do Homem e temos que louvá-las. A luta dela é diária, já nasce guerreando".

MIGRAÇÃO - "O grande caminho é São Paulo. Todo mundo está vindo para cá e eu acho isso triste, com tantas cidades por ai com fartura, mas sem emprego. O Paulistano é muito vaidoso, não pode ver um espelho que se olha. Ai o coitadinho vem aqui para fazer o que eles mandam. Por isso que nascer em São Paulo é ser agraciado".

DITADURA - "Com o Zé do Caixão sugiu o terror, que é meu negócio. Ai veio a ditadura e me prendeu várias vezes. Algumas pessoas só iam e não voltavam.
Para driblar isso eu descobria onde ia acontecer o baile dos generais. Não tinha televisão, só cinema eu aparecia por lá, via uma menina, achava-a "ideal" porque era filha de general e convidava-a para fazer um papel no meu próximo filme. Quando me prendiam elas chegavam em casa, eles ficavam sabendo que era eu e logo me tiravam da cadeia. O artista tem que ficar em cima do muro".

ACERVO - "Muitas da minhas obras foram destruidas pelo meu ex-genro. Esse homem teve a ousadia de com uma magueira jogar água nas minhas fitas, reportagens preciosas dos anos 40... Ele jogou água em tudo! Ele afirmava que aquilo era tudo porcaria, coisa velha, desatualizada. Quero, agora, que ele bem me explique isso direitinho".

CENSURA - "Na ditadura eles diziam que meus filmes tinham camuflagem política. Até hoje eu nai vi nada disso.
Revoltado com a ditadura fui até Brasília com outros diretores e artistas, como o Júlio Bressane e o Ivan Cardoso. Um Homem e uma Mulher me disseram que eu devia ser morto. Eu desci o pau na censura em Brasília mesmo! Chegaram a me perguntar se eu atrevessava parede! Falei na cara deles que eles não entendiam de nada. Tudo o que eles não compreendiam era o que eles censuravam".



CECÍLIA MADUREIRA: "Ruim com a Embrafilme ou pior sem a Embrafilme?"
MOJICA: " Pior. Um dia eu briguei e fiz o que o Glauber Rocha havia dito para que fizesse. Não é que eles produziram um filme em minha homenagem nos anos 70?
A Embrafilme iria patrocinar "O Devorador de Olhos". De repente, tocaram fogo no lugar e a minha reportagem foi queimada."

CECÍLIA MADUREIRA: " E como você consegue patrocínio para fazer seus filmes atualmente?"
MOJICA: "Eu sigo o mesmo caminho. Vou até o padeiro, ou jornaleiro, digo que o que eles teem é bom e peço para colaborarem comigo para o meu próximo filme. Em troca coloco o nome deles dos créditos.
A Embrafilme seria boa hoje. "Encarnação do Demônio" foi o primeiro filme que ninguem meteu o pau e eu ganhei sete prêmios no Festival de Paulínia."

JAMELO: "Como foi a sua infância e de onde surgia sua relação com o cinema?"
MOJICA: " Minha infância foi muito boa. Não existia violência, naquela época as pessoas colocavam suas cadeiras em frente de casa e ali na calçada ficavam conversando até meia noite ou mais, sem perigo nenhum.
Minha relação com o cinema nasceu em casa mesmo, meu avô mantinha num porão um cinema, então já nessa eu era popular entre as meninas, pois eu é quem distribuia e vendia os ingressos dos filmes em cartaz, depois passei a convidá-las para perticipar dos meus filmes e lembro também que fazia caravanas ao cemitério com todas elas, era uma "delícia"."

CHRISTIAN PETERMANN: Mojica como nosso tempo está chegando ao fim, você gostaria de aproveitar e fazer uma de suas famosas pragas para a platéia?
JAMELO: (interrompendo) Se der sorte pode mandar!
MOJICA: (risos...) Olha, minhas pragas são coisa séria, são pior que praga de mãe, então eu vou mandar uma levinha:





"Se você não prestigiar a cultura, principalmente o cinema nacional, ou não dar a mão ao próximo...

Que seus cabelos se convertam em ácido. Que caiam sobre os seus olhos, cegando-o, escorrendo até os seus órgão sexuais e você nunca mais saberá se é Homem, ou se é Mulher".



MOJICA OU ZÉ DO CAIXÃO: "Aconselho a todos a fazer o dever de casa bonitinho!

Os encontros acontecem sempre às 19:30, segundas, terças e quartas e são gratuitos. Os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência. O CINESESC fica na Rua: Augusta, 2.075, metrô Consolação - Cerqueira César - 3082-0213.


*Creditos: Cecília Madureira, jornalista e fotógrafa talentosa e Christian Petermann.

quarta-feira, 17 de março de 2010

O Teatro e o Poder: A saida é pela porta da frente.


Quando os caminhos se confundem é necessário voltar ao começo, como diria "Emicida", por isso esta acontecendo em São Paulo, um ciclo de encontros que resgata algo que estava esquecido desde a época do fim do militarismo, O teatro e o poder, que vem reunindo personalidades para discutir a força politica do teatro e até agora contou com a presença do "inclito" Delegado Protógenes Queiroz, que foi o convidado da primeira conversa, dividindo a mesa com Paulo Henrique Amorim e Fernando Moraes. Eles conversaram sobre corrupção, política e os partidos. Sobre a censura explícita, a censura togada, a censura aos blogs e a censura aos livros. Sobre a falta de projeto do País e sobre a discussão das acões publicas, que por sinal deixados de lado, de mãos dadas com todos aqueles que lutaram para o fim do militarismo, nada mais cobraram e acabaram perdendo força com essa desunião e vejo neste ciclo o ressurgimento.





O segundo encontro foi com a subprefeita da Lapa, Soninha Francine.


O terceiro encontro aconteceu no dia 22 de Fevereiro deste ano, com a ilustre presença do Senador Eduardo Matarazzo Suplicy, mesmo com chuva, o público compareceu ao encontro. A conversa não ficou somente em questões culturais, que por sinal muito bem abordadas pelo talentoso e respeitado ator Joca Andreazza, como também se falou sobre política, economia e a questão ideológica que foi abordada pelo empresário e humanista Marcelo Azengo, da agência de publicidade BR2 design.


Como o encontro tem por objetivo ouvir e ser ouvido, os microfones ficam abertos para a interação do público em geral e eu como não podia deixar, aproveitei para fazer um breve discurso, que você acompanha aqui na integra com exclusividade:

Senhores presentes, boa noite!

Meu nome é JAMELO.

Primeiramente gostaria de agradecer esta brilhante iniciativa do Teatro Brasileiro, aqui representado pelos ilustres senhores, Hugo Possolo e Raul Barreto, do Espaço Parlapatões.

"PASSADO, PRESENTE E FUTURO"

O discurso de que me valho pelos pacientes não representa conveniências particulares. É um instrumento da ordem pública.

Minha impressão, neste momento, é quase superior às minhas forças, é a maior com que jamais me aproximei, a mais profunda com que a grandeza de um dever público já me penetrou a conciência, assustada pela fraqueza de seus órgãos. Comoções não tem faltado, nem mesmo as que se ligam ao risco das tempestades. Mas nunca o sentimento da minha insuficiência pessoal antes as responsabilidades de uma ocasião extraordinária, nunca o meu isntinto de cidadão, sob a apreensão das contingências do seu futuro, momentaneamente associado aqui às ansiedades de uma grande expectativa, me afogam o espírito em impressões transbordantes, como as que enchem a atmosfera deste recinto, povoado de temores sagrados e esperanças sublimes.

" Os chefes de estado não se perdem pelo trabalho de seus inimigos; perdem-se pelos planos de sua própria ambição ".
Rui Barbosa.

Os sintomas de uma crise social mais profunda, criadas pela ambição da qual retrata o saudoso Rui Barbosa, estão ai e todos já podem ver e sentir, sabemos da necessidade de o Brasil perseverar em seu novo caminho, livre dos velhos modelos e das velhas e também porque não dos velhos vícios e dos velhos "políticos"?.

Desde a época do fim do regime militar que isso estava assim, abandonado praticamente, pois o povo, os intelectuais e a classe artística acabaram se dissolvendo com a desunião, conseguiram a liberdade de expressão, mas sem expressão, cobrança e acompanhamento de TODOS, ASSISTÍAMOS inertes ao que estamos vendo e vivendo agora, uma sociedade que ESTAVA deixando de ser PROTAGONISTA de sua própria história.

É hora de reinventarmos o País e suas instituições. Por que ficarmos atrelados a modelos gestados em tempos e realidades tão diversas das que vivemos? O Brasil tem que recuperar sua capacidade de criar e de sonhar e isso nós temos de sobra.

Não podemos retardar soluções que apontam para uma melhor governança, onde governo e nação trabalhem em mútuo favor.

Precisamos de um novo papel para o governo. E digo que, paradoxalmente, este novo papel é o mais antigo deles: é a recuperação do papel de governar com criatividade, austeridade, imparcialidade e justiça.

O mundo mudou e que nós mudemos com ele e é hora de fazermos isso já, antes que seja tarde.

Não sou apocalíptico, nem estou anunciando o fim do mundo. Estou lançando um brado de otimismo. E dizendo que, mais que nunca, temos nossos destinos em nossas mãos.


E toda vez que mão humanas misturam sonho, amor, criatividade, coragem e justiça elas conseguem realizar a tarefa divina de construir um novo País, deixando um bom exemplo, que é capaz de remodelar e fazer ocupar o espaço merecido para seu povo.

Que Deus abençõe esta mudança, muito obrigado.
Como o tempo era curto e o assunto muito vasto a conversa se extendeu no bar e café do espaço.
Vou me despedindo por aqui e desde já agradecendo sua visita e seus comentários.
Semana que vem tem mais! Até lá!
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Crédito: Daniel Cavana, fotógrafo e Espaço Parlapatões.


Espaço Parlapatões: Praça Franklin Roosevelt, 158 - República - Região Central - São Paulo - SP.

Telefone: +55xx11 3258 4449 - GRÁTIS - Classificação etária: Livre.